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sexta-feira, 16 de julho de 2010

Mania de magreza?

Você tem mania de magreza?
Qualquer pessoa consegue inventar uma dieta de emagrecimento, capaz de se transformar em best-seller e engordar a carteira de dinheiro. Que tal a dieta do chocolate, da lasanha ou das três colheres de feijoada em cada refeição? “Muitos gordos emagreceriam desse jeito”, garante o endocrinologista Alfredo Halpern, professor da Universidade de São Paulo. “Na verdade, qualquer regime para emagrecer, emagrece. Mas ninguém pode passar o resto da vida única e exclusivamente à feijoada, por exemplo”. Esse é o problema número um de todas as chamadas dietas de moda, que fizeram ou ainda fazem sucesso: elas não podem ser seguidas por tempo indefinido. A médio ou longo prazo, sempre prejudicam o organismo, especialmente daqueles que, de fato, não precisam perder peso.
Magrinhos com mania de magreza é o que não falta. Calcula-se que seis em cada dez brasileiros adultos com acesso a alimentos vivem em guerra declarada contra o ponteiro da balança. Sessenta por cento dos que estão em rigorosa dieta, no entanto, têm peso normal ou até abaixo do normal, segundo os padrões da Medicina. Mas outros padrões, os de beleza, tentam impor-lhes a silhueta de cabide dos manequins. Daí, cisman com qualquer esboço de pneuzinho de gordura, refletido no espelho.
“As dietas de moda não têm fundamento científico”, adverte Halpern. “Seguidas à risca, elas quase sempre levam ao emagrecimento rápido, mas também podem causar uma anemia”, exemplifica. No fundo, todos sabem de cor qual seria o regime ideal: comer um pouco de cada tipo – de alimento (verduras, legumes. carnes, frutas e cereais) em horários adequados para as refeições, sem abusar de doces nem de frituras. Sucesso garantido. Mas as pessoas acabam apelando para aquelas dietas que prometem fazê-las perder em uma semana os quilos conquistados em meses. “Se alguém faz uma dieta cheia de restrições, há cerca de 90% de chance de recuperar o peso perdido, tão logo volte a ter uma vida normal”. observa Halpern. “Justamente porque não aprendeu a dispor com moderação de todo tipo de comida presente no cotidiano.”
Quando as formas do corpo se alargam e encolhem sucessivamente feito uma sanfona, graças a diversos regimes fracassados, a pessoa tende a não regressar ao seu antigo ponto de partida na balança, ficando mais gorda após cada tentativa frustrada de ser magra. Engordar significa rechear determinadas células, os adipócitos, com moléculas gordurosas, que correm no sangue. Redondos, os adipócitos lembram balões, capazes de aumentar dez vezes de volume — elasticidade só comparável à das células da superfície da pele. Quando chegam ao limite máximo de armazenamento de gordura, elas se dividem ao meio, em vez de estourar.
Se o organismo é submetido a um regime severo para emagrecer, esses reservatórios de gordura se esvaziam; sua quantidade, porém, é mantida. Assim, é como se os adipócitos aguardassem o primeiro deslize alimentar para ficarem inchados novamente. Quando as moléculas de gordura entram na circulação sangüínea, uma enzima chamada lipoproteína lipase (LPL) trata de arrastá-las para dentro dos adipócitos famintos — só que onde antes havia uma única dessas células, passam a se encontrar duas. Se o fenômeno do ioiô de balança se repetir, existirão quatro, oito, e assim por diante. Essa progressão é acusada pela fita métrica, marcando uma cintura mais grossa a cada final mal resolvido de dieta.
Mesmo as pessoas que fizeram tratamentos bem orientados por médicos correm o risco do chamado efeito sanfona, se não tomarem cuidado com a manutenção do novo peso. “Os maiores inimigos, nessas horas, são os conceitos falsos”, opina a nutricionista Mônica Beyruti, que divide o seu tempo entre os estudos de pós-graduação na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP e a orientação de pacientes de uma clínica endocrinológica paulistana. “Muita gente diz não saber o motivo de ter recuperado alguns quilos extras, uma vez que belisca queijo branco”, conta. “Ora, queijo branco tem menos gordura do que queijos amarelos. Mas, ainda assim, possui bastantes calorias”.
A maior fonte de “falsos conceitos”, de acordo com a definição da nutricionista, morena e esbelta, são os famosos alimentos diets, cuja indústria nacional movimentou cerca de 200 milhões de dólares nos últimos doze meses. Em geral, são produtos em que o açúcar foi substituído pelos não – calóricos adoçantes. Ou seja, destinam-se a deixar mais doce a vida dos 8 milhões de diabéticos brasileiros. Contudo, o mercado desses alimentos acabou se tornando robusto e chega a alcançar quase 30 milhões de consumidores — mais de dois terços deles preocupados em continuar entrando numa roupa justa. “Só por não conterem açúcar não significa que não engordem”, esclarece Mônica. Ao se comparar uma barra de chocolate normal e outra, do mesmíssimo tamanho, de chocolate diet, nota-se que os ingredientes gordurosos aproximam os dois produtos, em termos de calorias, o que os faz engordar quase o mesmo tanto.
As calorias são unidades de energia que determinada comida gera no organismo. Na economia do corpo humano, o peso permanece inalterado quando a quantidade de energia gasta, seja num piscar de olhos à elaboração de um pensamento, empata com a quantidade de energia obtida nas refeições; se o consumo de energia é maior do que sua aquisição, o corpo emagrece; por sua vez, a pessoa engorda se ingere mais calorias do que seu organismo queima para funcionar. Parece uma matemática simples, mas o organismo de diferentes pessoas consome combustível de forma diferente.
Numa experiência realizada na Universidade de Vermont, nos Estados Unidos, os cientistas ofereceram uma dieta rica em gorduras para voluntários com peso normal e voluntários obesos (no jargão médico, gordos são aqueles com peso acima da média ideal para pessoas de determinada idade e estatura; obesos são apenas aqueles cujo peso em excesso ultrapassou 30% do valor dessa média). Os cientistas notaram que, para aumentarem 1 quilo de peso, os voluntários magros precisavam ingerir cerca de 8.400 calorias por dia, durante uma semana; para engordarem igualmente um único quilo, bastava os obesos consumirem 4.700 calorias nas refeições, durante o mesmo período. “Existem fatores genéticos”, diz o clínico geral Nicolau Machado Caivano, de São Paulo. Segundo ele, por volta dos 2 anos de idade, já se pode identificar quando uma criança tende a ser um obeso: “Estudos mostram que suas células adiposas são muito maiores do que as de bebês com predisposição a se tornarem adultos magros”. Mas, na opinião de Caivano, fica difícil saber até que ponto a obesidade é herdada pelos genes — “ela é mais freqüente em filhos de pais obesos”, admite — e até que ponto o problema é assimilado do ambiente em que se vive.
Apenas cinco em cada cem gordinhos ou mesmo peso pesados, feito os obesos, têm alguma disfunção nas glândulas que controlam o entra e sai de energia do corpo — como a tireóide, na altura do pescoço, encarregada de governar o metabolismo. De fato as mulheres na menopausa têm maior tendência a engordar: “A produção dos hormônios tireodianos fica mais lenta”, diz Caivano. “A mulher, nessa idade, tem de aceitar que dificilmente irá manter o corpo que tinha aos 20 anos . Aceitar os limites do corpo é fundamental: “Algumas pessoas jamais serão esquálidas. Ao tomarem consciência disso, elas se tornam menos ansiosas e emagrecem, dentro dos seus padrões, com mais facilidade. As dietas têm muito mais a ver com a cabeça do que com o estômago”, afirma.